Impressões sobre a Marcha da Liberdade de Expressão e Direitos Humanos. Rio Branco, Acre, 18 de junho de 2011

segunda-feira, 20 de junho de 2011 - Postado por Marcha às 14:55
Índios, branco, negros, gays, profissionais, estudantes e principalmente: gente comum. Esse foi o público da primeira #Marcha acreana. 

Nosso Estado possui um histórico de resistência, de lutas pelos seus ideais. Esse povo que veio da mata, que canta ciranda e que fala com a terra , têm uma característica: aprende ligeiro. Mães com seus filhos no colo, donas de casa que largaram a bacia de roupa, trabalhadores que pediram licença do emprego. Este foi o público que foi às ruas de Rio Branco para dizer que não esta satisfeito.
Mas o que incomoda essa gente?
A insatisfação nasce da censura, que dita quais filmes “nossas” crianças podem ou não assistir nas escolas. Mas esta mesma censura não se esmera em frear a banalização do corpo que entra pela televisão em suas casas. Não se esforça para inibir letras de músicas que discriminam que humilham e diminuem inclusive o próprio grupo que produz a censura. Esta se preocupa com um beijo entre meninos em uma obra de arte, mas não liga muito para o beijo das meninas que se encolhem nas esquinas a espera do novo cliente.
O descontentamento da #Marcha veio pelo desrespeito às minorias, que juntas formam uma multidão, que sentem na pele os efeitos da política feita pelos acordos de bastidores e não pelo mérito da questão. Esses políticos que convocam gestores para explicar suas ideias, mas nem cogitam a possibilidade de justificar as suas.
A caminhada foi guiada por estudantes que querem ter voz, querem falar o que pensam e pensar sobre o falam. Esta geração que, felizmente, não sofreu com a opressão do regime militar, mas consegue pressentir o fantasma (já materializado) do fundamentalismo que assombra os sonhos da democracia.
Em menos de uma hora de passeata vimos os olhares da população, que de início não sabia do que se tratava, mas logo se identificou com a palavra liberdade, e parava na calçada para ver tanta gente diferente misturada.
Vimos na #Marcha também à falta de respeito, a tentativa de inferiorizar para desmoralizar. Esse movimento foi e será um momento especial, onde cada cidadã e cidadão acreano puderam sair às ruas e gritar sua indignação, mostrando que independe do poder estabelecido, o povo sempre vai se manifestar.
Não podemos deixar passar o fato de que “no meio da #Marcha tinha uma obra”, que oportunamente bloqueava a visão de quem passava em frente ao palácio e que nossos “marchantes” foram recebidos com balde e água de sabão nas escadarias deste símbolo do poder. Vale lembrar que há poucos dias teve outra marcha e esta foi recebida com bodas pelos nossos governantes. 
Apesar de tudo isso, estávamos lá, de pé, erguendo as faixas e cartazes que foram produzidos como devem ser: sem um único centavo do poder público!

Marcha reúne movimentos sociais pela liberdade de expressão no Acre

Postado por Marcha às 12:15

Temas envolvendo Enem, Código Florestal e violência também foram lembrados durante o ato

Centenas de pessoas foram às ruas na manhã de ontem protestar contra a falta de liberdade de expressão e “censura disfarçada” presentes em vários segmentos da sociedade. A marcha da liberdade e direitos humanos envolveu vários movimentos sociais que lutam para ampliar suas discussões e que, a partir de agora, unem forças para lutar por uma só causa - a liberdade de expressão.
“Essa marcha é a demonstração da sociedade acreana que é diversa e plural tanto na questão das etnias como na formação de ideias. Passamos agora por um momento muito delicado, em que um grupo tenta impor a todo custo suas ideias para um grupo maior. Portanto, esse é um marco para o povo acreano, que tem seus pensamentos diversos e precisam propagar essa ideia”, destaca José Arimatéia, do Movimento Cernegro do Acre.

Concentrado em frente ao  Sebrae, no centro da cidade, cada grupo se expressou de uma forma diferente. Usando máscaras para tapar o rosto e exibindo cartazes contra o que consideram um cerceamento da liberdade de manifestação, a turma em favor da legalização da maconha também esteve presente de forma discreta na marcha.
Temas envolvendo o Enem, Código Florestal e violência também foram reivindicados durante o protesto. De forma pacífica e com a finalidade de chamar atenção das autoridades quanto às demandas sociais, participaram do ato grupos de músicos, artistas locais, indígenas, ambientalistas, movimento LGBT e outros segmentos.
“Estamos na marcha pela liberdade de expressão, em busca de que não exista na população mundial e do Brasil minorias, e sim seres humanos que precisam ter seus direitos assegurados e respeitados. Viva a liberdade e vivam todos aqueles que deram suas vidas para que hoje pudéssemos ter um pouco dessa liberdade, que ainda lutamos diariamente para que as pessoas possam ser respeitadas. Fazemos parte de um mundo que precisa respeitar suas crianças e adolescentes, que precisa respeitar os idosos, negros e LGBT, ou seja, precisa respeitar todos os seres humanos”, declara o presidente da Associação dos Homossexuais do Acre (Ahac), Germano Marino.

Escrito por Lane Valle - Pagina 20 - Online

DEBATE EM MARCHA

Postado por Marcha às 11:52

Ao perceber o debate provocado nas redes sociais e blogs e mesas de bares ( os melhores!!!) sobre a Marcha da Liberdade de Expressão e Direitos Humanos, fica claro pra mim, ela cumpriu uma de suas intenções. Provocou, questionou, promoveu a discussão.
O choque de ideias e pontos de vistas é conseqüência direta da diversidade, seja o polêmico discurso do professor Gerson Albuquerque (ao meu ver, pertinente em alguns pontos e equivocados em outros), o recorte unilateral feito em algumas mídias, as frases cheias de poesias e sonhos dos cartazes, as aspirações mais verdadeiras por mudanças no marchar dos jovens - ou a renovação dos passos no marchar dos mais velhos - os perdidos nos próprios passos e a firmeza no marchar dos guerreiros com sede de justiça e igualdade.  Enfim, o pluralismo desta marcha e os debates posteriores mostraram que lidar com a liberdade é muito mais complexo e rico do que lidar com um rebanho obediente e alienado. Pensamentos próprios, idéias próprias, microfone aberto, este foi o tom.
Não havia um pastor, um chefe, um pensamento unilateral. Não éramos gado. As reivindicações e aspirações foram as mais diversas, muitas expressas, outras silenciadas. O tempo de cada um.
Emocionante a fala de Raimunda Bezerra quando disse que no momento em que alguém é convocado para explicar suas idéias é o reflexo de que tem algo muito sombrio acontecendo. Ou quando Haru Kuntanawa pediu um minuto de silêncio pelas mortes no campo. Ou quando Dani Mirini nos lembrou que todos os espaços culturais de Rio Branco estão fechados. Cadê o Casarão ? Teatro Hélio Melo ou Cine Teatro Recreio ? Ou quando Babu denunciou que teve problemas com a polícia, mais de uma vez, ao fazer seus grafites pela cidade. Emocionante, também, a grande ciranda, o grande mariri, ao som do batuque do Grupo Vivarte.
Um primeiro passo, realmente, o que são duzentas águias rebeldes?! Pelo que sei, em épocas de ditadura militar, a população estava anestesiada, poucos os que deram a cara a tapa, poucos os que tiveram coragem de se manifestar, arriscar sua vida – mesmo desaparecer na Bahia da Guanabara - ou se ausentar de sua pátria frente à sombra que envolvia o Brasil e a América Latina. Muitos nem percebiam o que estava acontecendo, dormiam. Nesta reflexão não tem como não me lembrar dos versos de Zé Ramalho: Povo Marcado, povo feliz, ou o da peça do grupo Cia de São Jorge: “o seu aconchego é o seu cativeiro”.
Alguns podem dizer que a comparação é exagerada, talvez seja, mas lembro a Censura do filme Eu não quero voltar sozinho ( Daniel Ribeiro – 2010) aqui no Acre, a polícia reprimindo com violência reivindicações pelo Brasil, entre outros fatos que ameaçam a democracia. Sim, a liberdade de expressão é assunto de pauta urgente! Corrupção e outros temas são conseqüências desta profunda crise ética que estamos atolados.
Espero que este debate se prolongue e muito, pois uma sociedade com um único ponto de vista, uma única religião ou um único pensamento político e ideológico é, sem dúvida, uma sociedade doente. Por isso devemos ser provocados e questionados sempre, pois não podemos afirmar nenhum tipo de verdade absoluta! Isso mesmo, questionem, provoquem, instiguem, sacudam esta letargia que invadiu nossas mentes, nosso comportamento. Confrontem, nos ensine com nossos próprios erros, não nos permitam nunca esquecer pelo que marchamos neste sábado, dia 18.Só não vale é faltar com o respeito e desqualificar, deixa isso pros pequenos. Vamos ter, sim, este debate inteligente e pró ativo.
Confesso, ao ler algumas matérias que julgo tendenciosas, como um dos que marchou, fiquei puto da vida. Mas depois percebi que ao ser confrontado, minhas convicções tornaram-se ainda mais claras.  Fica aqui a mensagem para todos os outros que marcharam: o que nos diferencia do pensamento fundamentalista é justamente isso, a diversidade de pontos de vistas, não um pensamento engessado, feito de claro e escuro, inimigo de toda diferenciação. Nossa lógica é a lógica do arco íris, onde a pluralidade das cores convive com a unidade do mesmo arco íris, como bem disse o grande pensador libertário Leonado Boff.
Pra finalizar, tenho certeza que esta marcha não foi um fiasco, como já disse, só este debate já valeu a pena. Ainda no dia 18, durante a noite, por exemplo, durante a exibição do curta metragem censurado Eu não quero voltar sozinho, de Daniel Ribeiro,na frente do palácio e o rico debate aberto que ocorreu em seguida, na mesma escadaria que foi tomada por pensamentos excludentes e preconceituosos dias atrás, ficou ainda mais claro, é preciso sim, marchar, pensar, debater, refletir os processos que nos cercam. Despertar, antes que sementes ideológicas perigosas ganhem força e nos devorem sem ao menos percebermos. Antes que a situação se inverta, e quem precisa se explicar, de fato, convoque o lúcido para explicações, antes que nos esqueçamos que vivemos em um país Laico e plural.

Sérgio de Carvalho, produtor cultural, membro da ABDC Acre e cidadão.

Jornal A Tribuna - Marcha da Liberdade de Expressão amanhã

sexta-feira, 17 de junho de 2011 - Postado por Anônimo às 12:39
A passeata que pretende reunir diversos segmentos da sociedade e mostrar repúdio aos inúmeros tipos de preconceitos acontece no sábado, às 9 horas. A concentração será em frente ao Sebrae da rua Rio Grande do Sul e vai percorrer as principais vias do centro da capital. A mobilização está sendo feita através das redes sociais e veículos de comunicação.

Para André Gonzaga, a marcha não defenderá partidos políticos ou algo parecido. “Queremos combater todos os tipos de preconceitos, seja ele, xenofobia, racismo, homofobia, intolerância religiosa e falta de respeito para com os portadores de necessidades especiais, entre outros".

Além disso, os manifestantes se mostrarão contrários à aprovação do Novo Código Florestal Brasileiro, além dos assassinatos de extrativistas que foram noticiados recentemente. “Queremos mostrar nossa insatisfação com o que tem acontecido nas últimas semanas”, ressaltou.

André Gonzaga destacou que será o momento de fazer valer o grito dos que se sentem excluídos. “Antecipamos que esse movimento não é contra o governo, não é contra os cristãos e não é ligado a nenhum partido político. É o grito das famílias e dos indivíduos que se sentem ameaçados e sem voz”, explicou.

“Os participantes deverão levar cartazes e asseguro que a passeata será pacífica”, destacou André.

Germano Marino, presidente da Associação dos Homossexuais do Acre (Ahac), confirmou presença no evento. Além disso, Gonzaga ressaltou que outras entidades foram convidadas como, por exemplo, a Cernegro. (repórter Bruna Lopes, edição de sexta-feira, 17 de junho de 2011, Jornal A Tribuna)

Programação cultural da Marcha do Acre

Postado por Anônimo às 09:07
No finalzinho da manhã, na Marcha da Liberdade de Expressão e Direitos Humanos, vai ser realizado um espetáculo musical com:

Caldo de Piaba

Jucá com Pinga
 

Grupo Capu
 

Clenilson Batista
 

Rodolfo Minari
 
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Serviço: Marcha da Liberdade de Expressão e Direitos Humanos - Rua Rio Grande do Sul - Centro - ponto de concentração na frente do Sebrae - sábado, dia 18 de junho de 2011 - saída às 9 horas em ponto

Por que eu vou pra Marcha - Clara Campelo

Postado por Kaline Rossi às 08:05

Tenho hesitado em publicar um texto. Tenho escrito algumas vezes, mas a frustração que me toma ao meio do desenvolvimento é tão maior que minha esperança sobre as coisas, que acabo abandonando a idéia de publicar alguma opinião. Eis que hoje me surgiu, como uma necessidade vital, a vontade de escrever baseada em uma idéia muito interessante que tem sido difundida pela internet na divulgação de uma marcha em favor de causas sociais de liberdade de expressão e direitos humanos, que conjuga em um movimento, diversos motivos para os cidadãos acreanos marcharem juntos, como em um protesto que prova sua consciência identitária, da memória, das diversidades, da biodiversidade.

Na verdade, o debate da pós-modernidade e do multiculturalismo do fim do século XIX tem sido um dos meus objetos de estudos autodiáticos, na busca por um quer que seja que me consiga estabilizar a sensação de que os direitos estão para todos, sejam para as classes marginalizadas –negros, mulheres, índios, homossexuais- ou não. Logicamente, sempre será problemático abordar temas tão complexos, quando um país tão miscigenado ainda busca modelos europeus como se sua independência fosse um papel em branco e suas mentes fossem assim repletas de vaguetudes de aceitação ao diferente.

Mas o que é o diferente, o diverso, o estranho, o excêntrico? Qualquer desses termos acaba por traduzir algo em nós, que não seremos nunca lineares, simétricos, idênticos, “perfeitos” segundo os padrões da sociedade ou mesmo “normais”. Somos todos de alguma forma híbridos, somos todos mutáveis, cheios de complexos, cheios de distinções, cheios de coisas inatas nos seres humanos e que querendo ou não, sempre foram alvos de injúrias, repressão, aviltamento, espoliações... E falo aqui de momentos históricos, como a morte de mulheres, o genocídio sobre os índios, a escravidão de negros, os preconceitos com os homossexuais e as classes supracitadas.

Eu falo de identidades, personalidades, vidas reais que sofrem por uma memória esfacelada, uma memória fraturada, cheia de desfalques, de traumas.

Na verdade, as Identidades, sejam de um povo ou de um indivíduo único, sempre serão mutáveis. Toda a nossa identidade é forjada pela escola, pela formação religiosa e pela política vigente. Mas eu vou além ao pensar a identidade cultural do país de mais diversa formação histórica: o Brasil.

O que devemos achar de essencial para a nossa identidade se todos somos tão distintos, em especial de uma a outra região do país? Ora, carregamos a mesma língua –e o que será uma língua senão aquilo que une seu povo em uma só identidade?-, histórias diversas, mas com relações inegáveis quando se tratando de uma luta pela pátria amada e afinal, espalhados por todo esse extenso território verde e amarelo, somos brasileiros, filhos e netos de indivíduos híbridos, que querendo ou não, tiveram algum resquício no sangue, de um povo já esquecido: os primeiros moradores desse chão, que hoje quer negar as origens e se debruça em incansáveis imitações internacionais –com sua sensação aparentemente interminável de povo colonizado que deve algo a sabe-se lá quem...

Na minha condição de jovem e mulher que idealiza um mundo sem preconceitos, eu me encontro em litígio sobre um país que se mostra, sobretudo, despreocupado com a educação de seu povo e como é já sabido, alcança índices de escolaridade por meios que facilitam a formação de indivíduos não aptos ao título da escolarização. São números apenas. Números que significam uma massificação da educação de má qualidade. E sobre isso também, como não protestar?

Estou prestes a me formar em letras vernáculas, curso lindo, que me tem expandido o conhecimento de forma indizível, mas que infelizmente desde já me tem aberto os olhos para os problemas imensuráveis sobre os quais me irei deparar se realmente quiser atuar no campo da docência. Salários injustos, trabalho árduo, violência dentro das escolas, dentre outros aspectos ainda mais complexos que nem sequer preciso falar, pois assim não findaria o meu texto.


Então, para não muito estender, porque mesmo marchar e para onde?
Se a Utopia para Thomas Morus (o criador dessa palavra), era uma civilização ideal, um país imaginário em que tudo estaria organizado de uma forma superior; e se para muitos historiadores a Utopia criada por ele, muitos séculos atrás, é hoje reconhecida como a descrição do Brasil; façamos do que chama o dicionário de “fantasia” ou “plano que parece irrealizável”, o nosso pressuposto básico na busca de uma expressão em conjunto para um país melhor, mais livre, mais democrático.

Eu marcho pela qualidade da educação, grito pelas florestas, pelos índios, pelas mulheres, pelos negros, pelos homossexuais, artistas de rua, pela ARTE! Pelo reconhecimento de um país cheio de diversidades! Pela identidade desse país, pela melhoria de salários, pela valorização dos profissionais docentes, que tanto teriam a ajudar dentro desse projeto de conscientização cultural, sexual e ambiental; eu marcho pela liberdade de poder usar a roupa que eu quiser sem ser julgada, eu marcho pela sociedade menos preconceituosa com as pessoas obesas, eu marcho pela VIDA!


Do blog http://zebratrash.blogspot.com/2011/06/pela-liberdade-de-expressao-e-direitos.html?spref=tw

MPF/AC apura denúncias de morte recebidas por membros da CPT no estado

quinta-feira, 16 de junho de 2011 - Postado por Anônimo às 23:01
Duas ameaças de morte foram feitas aos membros da Comissão Pastoral da Terra (CPT) do Acre neste mês. Uma das ameaças foi dirigida ao trabalhador rural e agente da CPT Cosmo Capistano, na noite de 3 de junho.

Cosmo Caspitano e Darlene Braga do CPT
“Um homem me ligou e disse: ‘Olha, avise aos seus amigos que já morreu gente no Pará, em Rondônia e agora e Amazonas e Acre e daí por diante’. Disse isso e desligou”, relembra Capistano.

O agente trabalha na região de Boca do Acre, município pertencente ao sul do Estado do Amazonas, mas confessa que preferiu buscar auxílio das autoridades do Acre porque, segundo ele, o poder do Estado é ausente naquela região.

“Isso é uma consequência do que vem acontecendo pela não atuação do poder público na regularização de terra no sul do Amazonas. Creio que por isso a gente sofre essas ameaças. A primeira que recebi foi em 2009”, conta o agente.

A segunda ameaça foi registrada dias depois da que foi feita a Cosmo Capistano. De acordo com a coordenadora da CPT do Acre, Darlene Braga, um homem ligou para a sede da Comissão Pastoral da Terra em Rio Branco e reportou a ameaça ao funcionário Célio Lima: “Avise aos seus amiguinhos Darlene e Cosmo que eles estão na lista”, em seguida o homem que não foi identificado desligou o telefone.

Temendo que a situação se agrave ainda mais, os representantes da CPT foram na quinta-feira (16) ao Ministério Público Federal do Acre (MPF/AC) para denunciar as ameaças e solicitar que o órgão investigue o caso.

Procurador diz que é preciso zelar pela liberdade
Ricardo Gralha Massia, procurador da República
O procurador da República, Ricardo Gralha Massia, informou aos membros da Comissão Pastoral da Terra que um procedimento administrativo foi instaurado para apurar quais as causas desses conflitos agrários e de onde pode estar partindo as ameaças.

“Promovemos essa reunião para identificar que situações estão ocorrendo, |viabilizar a proteção e a defesa dessas pessoas que são relevantíssimas para a democracia. A defesa dos Direitos Humanos, seja no campo ou na cidade, precisa ser estimulada, não intimidada através desses atos que foram perpetrados recentemente”, afirma o procurador da República.

Ricardo Gralha reconhece que o Estado não tem condições de manter a segurança individual dos ameaçados em todo o país, mas ele afirma que o importante é que haja a repressão a atos desse tipo.

“Qualquer tentativa de intimidação a atos voltados contras os defensores de Direitos Humanos deve ser efetivamente combatida. Porque esse exemplo desestimulará as demais que pretendem cometer atos dessa natureza.”

O procurador revela que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) poderá sem chamado para tratar sobre os conflitos agrários que estão sendo registrados na região o sul do Amazonas.

“Nossa intenção é dialogar com as instituições responsáveis pela Reforma Agrária. A forma como vem sendo desenvolvida a reforma agrária não atende as necessidades.

Ocorre uma distribuição de terra sem a implementação de políticas públicas sérias para fixar a pessoa no campo e, com isso, acaba acarretando a busca de contratos com madeireiros e outras medidas que acabam prejudicando o meio ambiente e também os direitos dessas pessoas”, informa o Ricardo Gralha Massia. (Jornal A Tribuna)